O coronel Vicente Ferreira da Mota, coronel da guarda nacional, nasceu em Apodi, em 03 de dezembro de 1848, no lugar Córrego das Missões de São João Batista. Ele era filho de Antonio da Mota Ferreira e Isabel Francisca da Cunha. Segundo Raimundo Nonato (1964) “descendia de velhos troncos e de tradicional gente daquela Ribeira”. Aos cuidados do padre Antonio Joaquim Rodrigues, o vigário de Santa Luzia, foi levado para Mossoró, onde se educou e se dedicou às atividades do comércio.
De
Mossoró foi para Aracati, onde abriu um negócio e se casou com Maria Ferreira
da Cunha. Quando esta faleceu, casou com a sua cunhada, Filomena Ferreira da
Cunha e se mudou para Martins, lugar onde nasceram quase todos os seus filhos.
De Martins, Vicente Ferreira da Mota voltou para Mossoró, onde continuou se
dedicando ao comércio. Era o titular de uma empresa do ramo de tecidos, louça,
bebida etc. Não se tem conhecimento ao certo da data em que se estabeleceu em
Mossoró como comerciante, isso porque a atividade não era de todo regulamentada
na Província. Segundo Obery Rodrigues (2001), os seus negócios tiveram início
antes de 1900. O nascimento do seu filho mais novo, Luiz Ferreira Cunha da Mota
– mais tarde o padre e monsenhor Mota –, em 1897, em Mossoró, comprova o fato
de que sua ida para Mossoró é anterior à passagem do século XIX para o XX.
Rapidamente
se integrou à vida da cidade, onde já tinha residido e praticado o comércio
quando jovem. No dia 30 de setembro de 1904 se faz presente na sessão solene da
Intendência Municipal, convocada para comemorar a inauguração da Estátua da
Liberdade, localizada na Praça da Redenção. Quatro anos depois, em 1908, foi
eleito intendente e reeleito em 1911. Em 1922, fez parte da comissão que
organizou as festividades que tiveram lugar em Mossoró, para comemorar o
centenário da independência do Brasil (ROSADO, 1976).
Em 1917,
a razão social de sua empresa passou a ser Vicente da Mota & Cia., cujos
sócios eram o próprio Cel. Mota, seu filho Francisco Vicente Cunha da Mota,
Miguel Faustino do Monte, seu genro José Rodrigues de Lima, casado com sua
filha Maria da Mota Lima, e Antonio Epaminondas de Medeiros. Em 1925, Miguel
Faustino se afastou da sociedade, assumindo o seu lugar Henrique Maciel de Lima
e Genipo de Miranda Fernandes, este último casado com Maria Helena da Mota
Fernandes, uma das suas netas. A Casa
Mota ocupava quatro prédios conjugados, dois que davam para a Rua Cel.
Vicente Saboia e dois direcionados à Rua Idalino Oliveira. Nesse ano seu
estabelecimento, além de comercializar com tecidos, louça e bebidas, vendia
também alimentos enlatados, calçados, farinha de trigo, ferragens, material
para trabalho na lavoura e na pecuária, querosene e combustível em lata etc.
Vendia por atacado e a varejo. (RODRIGUES, 2001).
À época
do ataque de Lampião à Mossoró, em 1927, o Cel. Mota, então com 79 anos de
idade, dirigia a Associação Comercial da cidade. Antes do ataque, solicitou ao
Presidente do Estado que fossem remetidos para Mossoró setenta fuzis e
respectiva munição. Quando as armas chegaram, as distribuiu entre as pessoas
que se apresentaram para compor a força de defesa. Após o ataque e o consequente
fracasso do cangaceiro, o Cel. Mota encaminhou petição a diversas autoridades
(presidente da República, senadores e deputados), instituições e órgãos de
imprensa do Rio de Janeiro, sugerindo que a perseguição a Lampião fosse feita
pelo governo federal, único capaz de realizar tal tarefa. A sua empresa, a
Vicente da Mota & Cia., contribuiu financeiramente para cobrir as despesas
com a defesa da cidade, contribuição se prolongou alguns meses após o ataque do
bando, na forma de manutenção do Esquadrão de Cavalaria que ficou aquartelado
em Mossoró, na expectativa de uma nova ofensiva por parte de Lampião (SILVA,
1965).
Vicente Ferreira da Mota, coronel da Guarda Nacional, e sua esposa Filomena
Ferreira Cunha da Mota tiveram quatro filhos: Francisco Vicente Cunha da Mota,
Vicente Ferreira Filho (Ferreirinha), Maria da Cunha Mota e Luiz Ferreira Cunha
da Mota, este último, mais tarde, o padre, prefeito e monsenhor. Dois deles,
Francisco Vicente Cunha da Mota e Padre Mota, e dois netos, Vicente da Mota
Neto e Francisco Vicente de Miranda Mota (filhos de Francisco Vicente Cunha da
Mota), ocuparam o cargo de prefeito da cidade de Mossoró, enquanto que ele
mesmo foi intendente em duas legislaturas. Faleceu em Mossoró, no dia 20 de
janeiro de 1942
FONTE –
TRIBUNA DO NORTE
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